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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Grupo faz campanha por ciclovia




Adotar a bicicleta como meio de transporte para trabalhar ou simplesmente usá-la para o lazer em Araranguá é mais difícil do que parece. Além da mudança de hábitos, a iniciativa requer maior preparo físico, uso de equipamentos especiais e, acima de tudo, muito cuidado ao andar pelas ruas e avenidas. Nelas, motoristas de caminhões, ônibus e automóveis quase sempre ignoram o ciclista. Em vez de enxergar um veículo com direitos e deveres no trânsito, a maioria trata a bicicleta como um obstáculo na estrada.

Quem adotou o ciclismo como atividade física, depende dele para se locomover ou então simplesmente curte dar umas pedaladas por aí, conhece muito bem estas e outras dificuldades. É o caso do grupo Papaléguas da Bike, formado por aproximadamente 40 pessoas. São profissionais liberais, advogados, policiais, professores, empresários, estudantes e tantos outros que em comum possuem a paixão pela 'magrela'.  Iniciado em 2005, o grupo ganha mais adeptos a cada dia e os encontros são diários, geralmente no período noturno, quando o trânsito é menos intenso.


O uso da bicicleta é uma ferramenta eficaz para melhoria da qualidade de vida do praticante. A prática saudável, em larga escala, poderia ajudar a reduzir o número de veículos nas ruas, desafogando o já congestionado tráfego, e seria fundamental para reduzir o impacto da poluição provocada pelos veículos no meio ambiente.Enquanto no mundo desenvolvido grandes cidades investem em medidas que ampliam o sistema cicloviário e o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte, a realidade em Araranguá continua distante de um modelo que eduque e ofereça segurança no trânsito.Desrespeito à sinalização, excesso de buracos, trânsito tumultuado. A reportagem do Correio do Sul participou de um dos encontros do grupo que engrossa o tom para reivindicar a construção de ciclovias na cidade.


O calvário começa com a ausência de locais específicos para o tráfego das bicicletas. A Cidade das Avenidas possui uma única ciclovia, recém construída no prolongamento da avenida Quinze de Novembro, no bairro Mato Alto, com apenas um km de comprimento.  O jeito é encarar a disputa por espaço com carros, ônibus e caminhões nas movimentadas vias públicas. O empresário Evandro César Hann é um dos primeiros membros do grupo de ciclistas. Em companhia dos amigos ele pedala todo final de tarde. O roteiro inclui avenidas movimentadas como a Sete de Setembro, Getúlio Vargas e XV de Novembro e áreas mais tranquilas, como a Volta Curta. A atividade dura em média uma hora e meia em que são percorridos cerca de 40 km. Aos 48 anos de idade, Evandro afirma que ganhou saúde e qualidade de vida. "Mandei o stress embora depois que comecei a pedalar. Durmo muito melhor e me sinto bem. Adquiri hábitos saudáveis".


O jovem Eduardo Silveira, 17 anos, é o mais novo   Papaléguas. Começou a pedalar aos 15 a convite do pai que já era ciclista e nunca mais parou. Hoje ele dedica seus finais de tarde ao ciclismo e afirma que não consegue viver sem a bike. Gostou tanto que até participa de alguns campeonatos estado afora, representando Araranguá na modalidade esportiva e garantido boas colocações. Eduardo reivindica uma área dedicada ao ciclismo na cidade.  "Faz falta um lugar adequado para praticarmos. Seria o ideal para termos segurança," diz.


Para o delegado Jorge Giraldi, que integra o grupo de ciclismo há mais de dois anos, pedalar é uma atividade prazerosa. "É um esporte em que você consegue aliar prazer com lazer e ainda proporciona saúde. É muito gratificante também conhecer lugares diferentes e ótimo para fazer novos amigos," defende. Segundo Giraldi, pedalando é possível observar que as leis de trânsito são ignoradas pela maior parte dos motoristas. São poucos os motoristas que se mantêm a 1,5 metro de distância das bicicletas e reduzem a velocidade ao ultrapassar um ciclista. Assim como determina a legislação de trânsito, os ciclistas procuram ficar no acostamento das pistas e na mesma mão dos veículos. A bicicleta acaba não sendo encarada como um meio de transporte por grande parte dos condutores. Buzinadas, fechadas, expressões hostis com gestos e olhares por parte de motoristas são comuns.


Para acabar com este tipo de comportamento, Giraldi afirma que se faz necessário a construção de ciclovias. Ele defende a implantação das duas primeiras ciclovias na rodovia municipal que dá acesso ao Morro dos Conventos e também na SC 449, que liga Araranguá a Arroio do Silva. Nestes dois locais existe um fluxo grande de ciclistas que aumenta ainda mais durante a temporada de verão. "É uma vergonha a cidade não possuir uma ciclovia. Cidades menores da região como Timbé do Sul, Jacinto Machado, Meleiro e Turvo já possuem e Araranguá sendo a maior do Vale ainda não se mobilizou para construir uma," protesta. Giraldi recorda que já conversou pessoalmente com vários vereadores, no entanto, o executivo até o momento não se manifestou sobre a questão. A colocação de taxões nas principais vias de acesso piorou a situação dos ciclistas, diz ele em seu desabafo.


O advogado Alceu Pacheco é o mais recém chegado ao grupo. Iniciou na atividade há cerca de um mês, mas já afirma sentir os benefícios proporcionados pelas primeiras pedaladas. Encorajado pelos amigos, comprou uma bicicleta, equipamentos, roupas e acessórios e hoje afirma sentir-se vivendo uma vida mais saudável acima de tudo. "Quem está buscando se exercitar, ter saúde e ainda prazer, recomendo o ciclismo. Não quero me tornar um atleta, quero apenas manter a saúde e me divertir. Comecei a fazer 10 km e já consegui fazer 35. Além disso, ainda proporciona integração com a turma de amigos," comemora.
Fonte: Correio do Sul

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